O Lamento de um Deus Rejeitado: A Voz que Ainda Ecoa no Deserto
“Ah, se o meu povo me escutasse! Se Israel andasse nos meus caminhos…” (Salmos 81:13)
Essa exclamação — “Ah!” — não é uma interjeição de ira, mas de saudade. É o som de um Pai que lembra o quanto poderia ter feito, o quanto desejava abençoar, mas que viu seus filhos escolherem a surdez. É o lamento de quem amou profundamente, mas foi ignorado por corações ocupados demais para ouvir.
O Deus que fala entre as vozes
Deus nunca deixou de falar. Desde o Éden, Ele se revela em palavras, sinais, silêncios e circunstâncias. Mas o problema não é a falta de voz — é a falta de escuta. Israel celebrava festas, cantava louvores e seguia tradições. Mas em meio aos sons do culto, a voz de Deus se perdia. Eles confundiam movimento com comunhão, barulho com adoração, costume com presença. E o mesmo risco ronda cada geração: podemos estar na casa de Deus, mas distantes do Deus da casa. A espiritualidade distraída é aquela que canta sem compreender, ora sem esperar resposta e obedece por hábito, não por amor. E Deus, paciente, continua repetindo:
“Ah, se o meu povo me escutasse…”
Ele não quer apenas ouvintes de sermões, quer corações despertos, dispostos a discernir Sua voz até no sussurro do vento.
O silêncio que nasce da surdez
O versículo 12 do mesmo salmo é um dos mais tristes de toda a Escritura:“Por isso, Eu os entreguei à teimosia dos seus corações, para que andassem segundo os seus próprios conselhos.”
Esse é o tipo de silêncio que dói — o silêncio que Deus permite quando o coração insiste em seus próprios ruídos. Não é ausência divina, é respeito divino. Ele se retira para que aprendamos, pela falta, o valor da presença. Quantas vezes pedimos direção, mas não queremos rendição? Quantas vezes dizemos “fala, Senhor”, mas já temos nossa decisão tomada? Deus não compete com o ego. Ele fala onde há entrega, e se cala quando há resistência.
A promessa que ainda espera ser ouvida
Mesmo após o lamento, Deus faz uma promessa:
“Eu o sustentaria com o melhor trigo e o saciaria com o mel que escorre da rocha.” (v.16)
É como se dissesse: “Se apenas Me ouvissem, Eu os alimentaria com o melhor da terra — e com a doçura que nasce do impossível.” O “mel da rocha” simboliza milagre — doçura surgindo de um lugar improvável. Mas essa promessa está condicionada à escuta: quem ouve, experimenta o melhor de Deus.
Ouvir é mais do que escutar sons; é ajustar o coração à frequência do Espírito Santo. Quando ouvimos, Ele nos ensina o tempo certo de agir, o que calar, o que ceder, e o que manter em fé. A voz de Deus não apenas orienta — ela preserva a alma.
Quando o “Ah” de Deus se transforma em resposta
O lamento de Deus ainda ecoa no presente: “Ah, se Meus filhos Me ouvissem.” Mas a graça do Evangelho nos lembra que Jesus veio para reverter esse lamento. O Verbo se fez carne justamente porque a humanidade já não ouvia. Cristo é a Palavra audível do Pai. E todo aquele que volta o ouvido para Ele, experimenta o mesmo que Israel recusou: vida abundante, descanso, alimento, direção e paz.
O “Ah” de Deus, antes um gemido de saudade, torna-se um suspiro de reconciliação quando um coração decide ouvir. O Salmo 81 não é apenas um registro histórico — é um espelho. Ele nos pergunta, silenciosamente:
- Tenho ouvido a voz de Deus ou apenas falado com Ele?
- Tenho seguido o som da multidão ou o sussurro do Espírito.
- O que Deus ainda não pode me confiar porque eu não parei para ouvir?
A voz de Deus continua ecoando, não no trovão, mas no íntimo:
“Ah, se o Meu povo Me escutasse…”
Ainda há tempo de responder. E talvez seja esse o verdadeiro avivamento: voltar a ouvir o que Deus ainda está dizendo. Ouça Israel enquanto ha tempo! OUÇA-ME, Ó ISRAEL!
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Beijos e até a proxima!

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